QUESTÃO 1490664 STATUS: Conferido 23971 Nº:TLR019 |
Nível: Enem | Disciplina: Linguagens, Códigos e suas Tecnologias | Dificuldade: 2 |
CBC2 - Eixo: III - A literatura brasileira e outras manifestações culturais | Tema: 1 - Temas, motivos e estilos na literatura brasileira e em outras manifestações culturais |
Subtema: Não tem | Tópico: 35 - O negro na literatura brasileira |
Habilidade: 35.0 - Relacionar formas diferentes de representação do negro a contextos históricos e literários diferentes. | Detalhamento: 35.2 - Reconhecer, em textos literários apresentados, conflitos e formas de resistência do negro. |
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Enem - Eixo: 0 - Habilidade | Tema: 0 - Não há |
Subtema: Não tem | Tópico: 5 - Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus contextos, mediante a natureza, função, organização e estrutura das manifestações, de acordo com as condições de produção e recepção. |
Habilidade: H17 - Reconhecer a presença de valores sociais e humanos atualizáveis e permanentes no patrimônio literário nacional. | Detalhamento: H17 - Reconhecer a presença de valores sociais e humanos atualizáveis e permanentes no patrimônio literário nacional. |
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Enem - Eixo: 0 - Objeto de Conhecimento | Tema: 0 - Não Há |
Subtema: Não tem | Tópico: 0 - Não Há |
Habilidade: 1.4 - Estudo do texto literário: relações entre produção literária e processo social, concepções artísticas, procedimentos de construção e recepção de textos. | Detalhamento: 1.4.1 - Produção literária e processo social. |
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O Texto I foi retirado do livro Becos da Memória, de Conceição Evaristo, e o Texto II é um trecho da música intitulada Negro Drama, pertencente ao grupo de rap Racionais MC’s. TEXTO I Maria-Nova foi para a escola naquela manhã com má vontade a rondar-lhe o corpo e a mente. Cada vez que tinha de se ausentar da favela, o medo, o susto, a dor agarravam-lhe intensamente. Na semana anterior, a matéria estudada em História, fora “A libertação dos Escravos”. Maria-Nova escutou as palavras da professora e leu o texto do livro. A professora já estava acostumada com as perguntas e com as constatações da menina. Esperou. Ela permaneceu quieta e arredia. A mestra perguntou-lhe qual era o motivo de tamanho alheamento naquele dia. Maria-Nova levantou-se dizendo que, sobre escravos e libertação, ela teria para contar muitas vidas. Que tomaria a aula toda e não sabia se era bem isso que a professora queria. Tinha para contar sobre uma senzala que hoje, seus moradores não eram libertos, pois não tinham nenhuma condição de vida. A professora pediu que ela explicasse melhor, que contasse com mais detalhes. Maria-Nova fitou a professora, fitou seus colegas, havia tantos, aliás, alguns eram até amigos. Fitou a única colega negra da sala e lá estava Maria Esmeralda entregue à apatia. Tentou falar. Eram muitas as histórias, nascidas de uma outra História que trazia vários fatos encadeados, consequentes, apesar de muitas vezes distantes no tempo e no espaço.
EVARISTO, C. Becos da memória. Florianópolis: Editora Mulheres, 2013. p. 208-210.
TEXTO II
Negro Drama
Negro Drama Entre o sucesso e a lama, Dinheiro, problemas, Invejas, luxo, fama,
Negro drama, Cabelo crespo, E a pele escura, A ferida a chaga, A procura da cura,
Negro drama, Tenta vê, | E não vê nada, A não ser uma estrela, Longe meio ofuscada,
O drama da cadeia e favela, Túmulo, sangue, Sirenes, choros e velas,
Passageiro do Brasil, São Paulo, Agonia que sobrevivem, Em meia zorra e covardias, Periferias, vielas, cortiços | | Você deve tá pensando, O que você tem a ver com isso? Desde o início, Por ouro e prata,
Olha quem morre, Então veja você quem mata, Recebe o mérito, a farda, Que pratica o mal,
Me vê pobre, preso ou morto, Já é cultural. |
Disponível em: http://goo.gl/uIwxRB. Acesso em: 5 jun. 2015 (adaptado).
Ambos os textos criticam a intensa e injusta desigualdade vivenciada pelos negros ao enfatizarem
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- INCORRETA. Um dos problemas sociais existentes no Brasil é o desemprego. Uma das causas é a falta de qualificação do trabalhador e/ou a substituição deste pela máquina. Todavia, o Texto I e o Texto II não fazem referência a esse problema e suas implicações para os negros.
- INCORRETA. O Texto I e o II aludem à violência presente nas periferias. Maria-Nova, por exemplo, fala sobre “o medo, o susto, a dor” que a agarram quando se ausenta da favela. Já o rap deixa explícito a opressão e a morte dos moradores, nos seguintes versos: “Túmulo, sangue,/ Sirenes, choros e velas”. No entanto, o Texto I não remete à violência policial, diferentemente do Texto II que denuncia esse problema social nos versos: “Então veja você quem mata,/ Recebe o mérito, a farda,/ Que pratica o mal...”.
- INCORRETA. O Texto I deixa evidente que há apenas uma aluna negra na sala de aula, “Maria Esmeralda entregue à apatia”. Extrapola-se a leitura interpretar que a quantidade pequena de alunos negros é ocasionada pelo abandono destes, por causa da pobreza. Tal como o Texto II, a evasão escolar não é evidenciada no Texto I.
- * CORRETA. No fragmento retirado do livro de Conceição Evaristo há uma crítica à falta de condição de vida dos moradores da favela, motivada por um fator histórico: a escravidão. Afirma-se isso a partir dos trechos “uma senzala que hoje, seus moradores não eram libertos...” e “Eram muitas as histórias, nascidas de uma outra História que trazia vários fatos encadeados, consequentes, apesar de muitas vezes distantes no tempo e no espaço”. O rap faz uma denúncia às desigualdades vivenciadas pelos negros, problemas sociais motivados pelo processo de colonização do Brasil, em que os brancos escravizaram índios e negros “desde o início/ por ouro e prata”. Por isso, ambos os textos enfatizam as desigualdades injustas que ainda afetam os negros em função de fatores históricos.
- INCORRETA. No Texto I, a favela é comparada à senzala, não aos presídios brasileiros, que sequer foram citados no fragmento. No Texto II, há uma crítica incisiva ao fato de alguns negros sofrerem o drama de serem presos por causa de sua cor e condição social.
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